“Por conta do meu perfil não fico nem um pouco intimidada em trabalhar com números e homens. Na verdade, gosto desta área pela objetividade. Os números não mentem e isso é fundamental, pois retratamos a realidade da empresa de forma eficiente e tomamos decisões baseadas na assertividade.”
Hoje, no Brasil, as escolas de exatas são compostas por uma minoria de mulheres. Esta realidade muda lentamente. Entretanto, enquanto a mudança na inserção de mais mulheres no contexto acadêmico e de mercado das exatas caminha, continuo o desafio em atuar no mundo dos números representando o gênero como a sócia e diretora Financeira da TR10, um escritório de arquitetura, especializado em Design de Varejo.
Sim. Faço parte dos 11% das mulheres que possuem cargo similar ao meu no Brasil. Isso me dá uma sensação de que “cheguei lá”, mas, em contrapartida, a cultura do “homem de negócios” ainda nos exige trabalhar dobrado ou triplicado por conta de nos forçarmos a fazer sempre mais e melhor, além de dar conta dos estudos e da família.
Por mais que eu saiba que atuo em uma área predominantemente masculina, meu perfil faz com que eu não me sinta intimidada em trabalhar com números e homens. Gosto da área pela sua objetividade. Os números não mentem. Eles retratam o passado e, se bem analisados, podem ser um aliado para a tomada de decisões futuras da empresa. Assim como qualquer profissional de finanças, a minha relação com os números é independente de gênero e é objetiva: honrar os compromissos, maximizar os lucros, reinvestir na empresa e proporcionar retorno atraente aos sócios.
É ótimo, hoje, poder crescer na minha própria empresa e ditar as regras na minha área. Nem sempre foi assim. Lembro daqueles “questionamentos” que se apresentaram ao longo da minha carreira pelo fato de eu ser mulher. Houve uma situação que o diretor de uma empresa que eu trabalhei pediu para o gerente de outro setor (um homem) intervir em uma negociação com um fornecedor, pois acreditava que eu cederia diante da pressão do processo, por ser mulher. Não pensei duas vezes e fui me posicionar com o diretor. Falei que estava ali para exercer minha função e que traria o resultado esperado. Pedi um voto de confiança e, trabalhando com ainda mais vontade e garra, atingi meu objetivo.
Este tipo de situação, por motivos óbvios, não deveria existir. Entretanto, acontecem mais do que possamos imaginar e, para mim, transformam-se em combustível para mostrarmos ainda mais nossa competência e capacidade. Seria muito bom se a avaliação de competências não tivesse a ver com o gênero. Ser mulher ou homem não faz ninguém melhor ou pior no que faz.
Mais do que ser uma profissional de finanças numa área predominantemente masculina, é maravilhoso poder ser uma mulher independente, com liberdade financeira e dona do meu negócio. Os desafios que tenho não são feminino e nem masculino. São os de qualquer empreendedor(a) que quer ser feliz e continuar crescendo.